O Monstro

Estava tudo indo bem quando ele apareceu

(ou, ao menos, pensei que estava)

O sol compunha o estival fim de tarde

Mas o coração já não sentia o calor

O frio da solidão me espera

Outra noite está começando

Mais uma vez, trechos sem sentido preenchem o papel

Nesse interminável luar sem lua

Me deitei para olhar o céu

Mas as estrelas não estavam tão brilhantes

Não aos meus olhos

Bolas de gases explodindo a bilhões de quilômetros

Não há mais sentido

Assim como, no universo,

Há mais coisas invisíveis do que visíveis,

Há mais escuridão do que luz em nossos pensamentos -

A névoa densa me atinge pela primeira vez

Névoa de anseios angustiantes

Eu consigo atravessar tamanha escuridão,

Ou o Monstro vai me capturar antes que eu termine?

Fugir parece ser o caminho mais fácil

Mas será que devo?

Abandonar o sentimento ruim que corrói meu ser

Significa deixar tudo e todos para trás

É o caminho mais digno?

Amanhece, mas a névoa permanece ali

Um dia após o outro, sempre mais intensa

Rios salgados correm pelas ondas do meu rosto

Mas ela não se dissipa

O Monstro me capturara

Suas garras desferiram golpes em minha pele

A dor consumiu minhas forças

É tarde demais para tentar lutar?